Capa do livro que estou ilustrando. Além da capa, foram mais doze desenhos. Ouso dizer que ficou bem legal. Ao longo dos dias vou colocando alguns por aqui.

A troca da guarda
Caio Bêbadvs estava puto. Por causa dos incidentes da semana, fora destacado para trabalhar no sábado. Algum arruaceiro andara aprontando e agora ele tinha que bancar a babá do condenado. Por sorte, seria um trabalho relativamente simples, pois o sujeito não iria para lugar nenhum: estava preso numa cruz no topo do Gólgota.
Chegando lá, ouviu as instruções do chefe da guarda. Que ficasse de olho no miserável, pois ele era o líder de uma horda de malucos que provavelmente, viriam à noite para roubar o corpo do chefe. Assinou os papéis, pegou suas armas e sua armadura de couro e subiu o monte. Durante o curto trajeto, cruzou com Marcelvs Troso, que ficara de guarda a noite toda, e cumprimentou o colega com um aceno de cabeça.
Porém, ao divisar o cume, qual não foi sua surpresa ao perceber que no local não havia uma, mas três cruzes. Rapidamente, olhou para trás para tentar falar com Marcelvs e saber quem era o condenado importante, mas ele já havia desparecido numa curva da encosta. Outra vez, a batata quente viera parar nas minhas mãos, pensou Caio. O que parecia ser um fim de semana relativamente simples e com soldo extra, complicara-se, pois estava sozinho para cuidar de três arquivos mortos.
O dia passou sem problemas, mas o problema seria a noite. Seu turno só terminaria na manhã de domingo, quando poderia passar o problema para outro infeliz. Daí, Caio teve uma idéia. Resolveu trocar os títvlvs das cruzes. Pegou as três plaquinhas e misturou tudo, colocando em seguida uma no local da outra. A lógica era a seguinte: se um bando viesse à noite para furtar o corpo, eles teriam uma certa dificuldade para identificar o condenado correto. Eles não teriam como usar tochas e o rosto do condenado estaria envolto pela escuridão, pelos cabelos e pela crosta de sangue. Como nenhum deles compareceu à crucificação – evento restrito às autoridades e à família -, não teriam como saber qual era o corpo correto a não ser pelos títvlvs. Orgulho com sua própria engenhosidade, aproveitou e tirou um cochilo.
Acordou com o que parecia ser um terremoto. Assustado, quase não podia acreditar em seus olhos. Um facho de luz, brilhante como o dia, iluminava o topo do monte. A luz parecia vir direto das nuvens, como se uma gigantesca lua cheia abrisse um rombo no céu e despejasse sua luz num único ponto no chão. Como se não fosse estranho o suficiente, essa coluna de luz ora focava na cruz do meio, ora nas outras duas, como se parecesse indecisa entre as três. Atônito, Caio Bêbavs viu então a luz se decidir pela cruz da extrema esquerda. Algo aterrador aconteceu: o corpo do condenado pareceu flutuar no ar, e foi lentamente erguido na direção da luz. Tão rápido como começou, tudo terminou. Exausto e apavorado, Caio desmaiou pesadamente e adormeceu.
Acordou novamente com o dia já claro, sendo chutado pelo centurião chefe. Durante a madrugada, o corpo de um ladrão havia desaparecido, e agora Caio teria que prestar contas. Achou melhor não comentar os incidentes da véspera, pois ele sabia, ninguém iria acreditar mesmo. Antes de deixar o Gólgota, deu uma última olhada nos dois condenados restantes. Aquele que ocupava a cruz do meio já estava inchado e começava a cheirar mal. Desviou o olhar e pensou na sua vida. Provavelmente pegaria alguns dias de cadeia por ter cochilado no serviço, mas em breve voltaria à sua rotina. O mesmo não aconteceria com aqueles três, sobretudo o que desaparecera nas nuvens. Vocês sabem, ninguém volta dos mortos.

A troca da guarda
Caio Bêbadvs estava puto. Por causa dos incidentes da semana, fora destacado para trabalhar no sábado. Algum arruaceiro andara aprontando e agora ele tinha que bancar a babá do condenado. Por sorte, seria um trabalho relativamente simples, pois o sujeito não iria para lugar nenhum: estava preso numa cruz no topo do Gólgota.
Chegando lá, ouviu as instruções do chefe da guarda. Que ficasse de olho no miserável, pois ele era o líder de uma horda de malucos que provavelmente, viriam à noite para roubar o corpo do chefe. Assinou os papéis, pegou suas armas e sua armadura de couro e subiu o monte. Durante o curto trajeto, cruzou com Marcelvs Troso, que ficara de guarda a noite toda, e cumprimentou o colega com um aceno de cabeça.
Porém, ao divisar o cume, qual não foi sua surpresa ao perceber que no local não havia uma, mas três cruzes. Rapidamente, olhou para trás para tentar falar com Marcelvs e saber quem era o condenado importante, mas ele já havia desparecido numa curva da encosta. Outra vez, a batata quente viera parar nas minhas mãos, pensou Caio. O que parecia ser um fim de semana relativamente simples e com soldo extra, complicara-se, pois estava sozinho para cuidar de três arquivos mortos.
O dia passou sem problemas, mas o problema seria a noite. Seu turno só terminaria na manhã de domingo, quando poderia passar o problema para outro infeliz. Daí, Caio teve uma idéia. Resolveu trocar os títvlvs das cruzes. Pegou as três plaquinhas e misturou tudo, colocando em seguida uma no local da outra. A lógica era a seguinte: se um bando viesse à noite para furtar o corpo, eles teriam uma certa dificuldade para identificar o condenado correto. Eles não teriam como usar tochas e o rosto do condenado estaria envolto pela escuridão, pelos cabelos e pela crosta de sangue. Como nenhum deles compareceu à crucificação – evento restrito às autoridades e à família -, não teriam como saber qual era o corpo correto a não ser pelos títvlvs. Orgulho com sua própria engenhosidade, aproveitou e tirou um cochilo.
Acordou com o que parecia ser um terremoto. Assustado, quase não podia acreditar em seus olhos. Um facho de luz, brilhante como o dia, iluminava o topo do monte. A luz parecia vir direto das nuvens, como se uma gigantesca lua cheia abrisse um rombo no céu e despejasse sua luz num único ponto no chão. Como se não fosse estranho o suficiente, essa coluna de luz ora focava na cruz do meio, ora nas outras duas, como se parecesse indecisa entre as três. Atônito, Caio Bêbavs viu então a luz se decidir pela cruz da extrema esquerda. Algo aterrador aconteceu: o corpo do condenado pareceu flutuar no ar, e foi lentamente erguido na direção da luz. Tão rápido como começou, tudo terminou. Exausto e apavorado, Caio desmaiou pesadamente e adormeceu.
Acordou novamente com o dia já claro, sendo chutado pelo centurião chefe. Durante a madrugada, o corpo de um ladrão havia desaparecido, e agora Caio teria que prestar contas. Achou melhor não comentar os incidentes da véspera, pois ele sabia, ninguém iria acreditar mesmo. Antes de deixar o Gólgota, deu uma última olhada nos dois condenados restantes. Aquele que ocupava a cruz do meio já estava inchado e começava a cheirar mal. Desviou o olhar e pensou na sua vida. Provavelmente pegaria alguns dias de cadeia por ter cochilado no serviço, mas em breve voltaria à sua rotina. O mesmo não aconteceria com aqueles três, sobretudo o que desaparecera nas nuvens. Vocês sabem, ninguém volta dos mortos.
5 Comments:
A vida sempre foi boa comigo.
Quando soube que o meu coração
estava carregado de sombras
e que ele só se alimentava de luz,
abriu uma janela em meu peito
para que por ela possam entrar
a negritude da noite,
o resplendor do orvalho,
o fulgor ds estrelas,
e o invisivel arco-iris do amor.
wtf??
as orelhas do homer nao estao no formato MG. é alguma coisa de direito autoral? ou aquele nao é o homer e sim uma metafora dele?
Ahá! Booth! O autor não conseguiu liberar o uso dos personagens, então, tive que inventar um pouco. O livro é muito legal, meio técnico demais, mas afinal, é uma monografia impressa. Acho que pode vir a ser um sucesso.
See Please Here
Postar um comentário
<< Home